A sinceridade parece mais dúbia a cada dia.
Desde a infância, as mães lutam com seus rebentos para que estes não mintam em nenhuma hipótese. Inventam fábulas em que homens do saco seqüestram os pequeninos que não seguem a regra de ouro.
Alguns pais, assustados com o poder da veracidade irrestrita dos filhos, “ensinam”-lhes as chamadas mentiras sociais, porque o mundo não precisa da verdade sem conseqüências. E isso é só o início...
A partir de então, mentimos por pura convenção social. Mentimos para não ofender, para agradar o próximo, ou simplesmente para omitir a verdade e agradar o nosso ego.
E a sinceridade?
Jaz esquecida, talvez em algum canto obscuro da nossa consciência. Mas que se manifesta, internamente, toda vez que a falácia brota através da nossa boca e “acaricia” os ouvidos do próximo.
Às vezes, tento perverter todo esse sistema de freios sociais. Falo a verdade, mesmo que ofenda ou surpreenda alguém. Não é melhor saber a verdade e sofrer com ela, do que amargar a mentira por longo tempo? É o que sempre digo em defesa quando alguém reclama da minha sinceridade.
E o que ganho por ser franco, principalmente com aqueles que me tem apreço? Caras feias, beliscões, mágoa e desdém! Taxam-me de bruto, indelicado, e que não respeito a opinião alheia... Mas o que falo é a verdade, ora!
Está chegando a um ponto que a melhor decisão é ficar calado. Não emitir opinião alguma. Tratar com indiferença qualquer assunto. Ou ainda melhor, sair correndo das rodas de conversas ou simular uma convulsão. Tudo para não ser sincero.