domingo, 29 de maio de 2011

SEM SENTIDO

Era um belo fim de tarde, dessas típicas de início de inverno, em que você sente o frio,mas não tem necessariamente que se aquecer. Meu dia tinha sido um tanto cheio. Passei horas trancafiado numa sala, estudando na companhia de mais dois colegas. Quando terminamos, um deles resolveu ir embora e o outro foi resolver um dos seus inúmeros compromissos acadêmicos e pediu que eu o esperasse.
Para passar o tempo, enquanto ele não voltava, resolvi esperá-lo no jardim da faculdade, que por sinal estava convidativo, a grama verdinha e as árvores frondosas... acabei me recostando em uma...
Ao longe, estudantes transitavam o tempo todo, eu conseguia ouvir sua vozes,mas não distinguia ao certo o que estavam dizendo. Nos bancos que estavam mais próximo de mim uma senhor olhava algumas fotos (lembranças de bons momentos), estava tão concentrado que mal piscava, no outro, uma jovem estudava um livro que ela insistia em manter nas suas pernas cruzadas,mas que o vento mostrava sua vontade em querer folheá-lo.
Fiquei observando a paisagem sem mesmo entender o que estava fazendo ali. Sabe aquelas horas em que parece que não há absolutamente nada na cabeça da gente? Então, eu estava assim, vazio, leve. A única coisa que consigo me recordar é que dois jovens passaram ao meu lado, um deles dizia:
- eu acho que caiu um meteoro na minha cabeça. E o outro perguntou:
- como assim cara? Isso não é possível. É só cisma sua. Mas o primeiro ainda afirmou:
- mas foi, um meteorozinho, desses que a gente não vê...
Não consegui compreender muito bem o que estava querendo dizer,mas senti um leve sorriso formando em meus lábios – devo ter achado graça.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

(Des)Valores*



Como a vida na TV é bela e perfeita, não?
Cheia de valores, moral, ética, atitudes positivas, e de sorrisos francos e clareados. A novela e outros programas, que deveriam “imitar” a vida real, só mostram tipos sociais caricatos e corpos sarados sob o sol da praia, mas que ostentam a dignidade de Madre Tereza de Calcutá (é assim que se escreve?). Entremeados, é claro, de propagandas de câmeras de última geração e cintas miraculosas.
Não seria demais se os produtores parassem de tentar plagiar e maquiar a realidade com bundas perfeitas e passassem algo de verdade? Algo que realmente transmita mensagens e conteúdo e não transforme a mente da massa em ameba. Se é que isso é possível.
Sinceramente, prefiro me dedicar às séries de ficção e à literatura informal  do que acompanhar os pseudo-reality-shows, neologismos à parte.  A realidade não é um eterno final-de-semana, com prêmios para aquele que se destacar (leia-se “mostrar o corpitcho”) mais.
Sabe o que mais? Viva a hipocrisia nossa de cada dia. Pelo menos esse dejeto cultural faz-nos esquecer da dura e triste realidade lá fora e sonhar em ser famoso algum dia. Ou não.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

2000..10..11..

2010... Foi realmente um ano 10!
E pensar que tudo começou numa paz. Eu estava em jaíba, trabalhando, mas um tanto descontente com a situação, então resolvi que depois do carnaval eu pediria demissão e procuraria um modo de retomar meus estudos e me mudar dali, e foi o que eu fiz.
Em março estava morando em januária, fazendo cursinho pré-vestibular e meio indeciso no curso que iria fazer, no fim das contas optei por direito e acabei me mudando para Belo Horizonte para que eu pudesse enfim, começar a faze-lo.
Hoje, já estou aqui em BH há quase seis meses... levo uma vida totalmente diferente da Jaíba, lá sempre tão calmo com tudo sendo resolvido rapidamente mas no ritmo camponês de cidade pequena. Já aqui, a vida tornou-se tão corrida que estou dando valor a muitas coisas, pequenas até, mas que a vida mais urbanizada nos impossibilita de contemplar.
Ultimamente tenho sido, ou tentado ser, um tanto “blasé”, com meus novos amigos e no meu novo emprego... mas sinto muita falta da família reunida no almoço de domingo, de poder sair a qualquer hora para a casa de um amigo sem medo ou pressa para voltar, filmes com brigadeiro e conversa animada, pessoas confiáveis, amigos de infância, saudades até dos momentos em que eu podia me refugiar no alto da goiabeira da casa da vovó só para poder pensar ou assustar quem passasse pelo quintal...
2010... um ano nove que merece um onze, porque aconteça o que acontecer nunca estaremos realmente plenos, satisfeitos sim! Plenos não. Sempre vai faltar aquele amigo querido, as vezes não vai tocar nossa música predileta, mas ainda assim estaremos sempre a procura de um dez, afinal, quem não quer sempre o melhor, nem que seja apenas pra si?! É mais ou menos assim: a gente sempre reclama,mas fica sentindo aquele gostinho de “quero mais”
Estou me tornando mais maduro... a cada ano que passa o desejo de vida nova se reacende e muita coisa muda, devagarzinho no tempo, afinal um ano não é um dia e assim vamos vivendo tudo que há para viver, vamos nos permitindo... a música da vida toca e compomos a melodia passo a passo apesar de nunca sabermos como será a partitura final...

Tchu™

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

RETICENCIAS

A saudade que me aflige                                                     
A escuridão que atormenta
Tudo me lembra seu sorriso
Seu olhar...

Minhas lágrimas entregam
Me levam de volta a você
Leves suspiros...
Lágrimas doídas...

Quero sentir sua respiração
Seu sussurrar baixinho
Ao pé do meu ouvido                                                                 
Dizendo devagarzinho
O que eu sempre quis ouvir de você

Tu me divides
Me deixas louco
Me faz temer o frio ao desejar teu calor
Me faz temer o beijo
Ao desejar o hálito doce da tua boca
Me faz perder a razão
Ao me dar conta de que te amo...

Tchu™

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A COR DO PECADO

Morena minha
De hálito doce
Quem dera eu fosse 
brisa que relaxa teu rosto 
Ao te tocar...
Que toca teus lábios 
Ao vê-la falar...
 
Morena minha
De traços perfeitos
Cujos trejeitos me deixam encantado
Parado a te admirar...

Morena ausência...
Que está sempre por perto
Tão inalcançável quanto o finito do mar...
Cuja distância me entristece
Quando pra longe põe-se a te levar

Morena cilada..
Encantadora...
Moça sedutora
Que estremece meu corpo...
Me deixa aflito
E gera conflitos
Que sou incapaz de entender...

Morena minha
Misteriosa
Que aflora meus instintos
Embala meu êxtase...
Que me deixa perdido com o brilho do teu olhar
Com a melodia suave da tua voz... sussurrando em meu ouvido...

Morena fogo
Que me deixa carente
A espera de um abraço quente...
Imaginando teus braços a me agarrar...
O calor do teu corpo junto ao meu
O gosto do beijo que nunca me deu...

Morena nuance...
Minha morena
De olhos marcantes...
De andar insinuante..
De sorriso tentador...
Que nutre em mim o fogo do amor

Morena minha
Minha companhia
Das noites vazias
Que durmo sem você
A razão de meu escrever
O desejo de te ter...
O anseio de te querer...

Tchu™

domingo, 19 de setembro de 2010

SEXO FRÁGIL?

Pergunte a um homem                        
O que é um mulherão...
Certamente ele vai descrever:
É a que tem uma bunda empinada
Peitos fartos, lábios carnudos
Usa biquínis miúdos
Saber ser sexy e tudo mais!

Agora faça a mesma pergunta
Dirigindo-se a uma mulher
Que ela dirá:
Ah... um mulherão...
É aquela que acorda cedo
E se produz toda para ir ao trabalho
Que enfrenta oito horas de pressão do chefe
Com um sorriso na cara...

É aquela que não desce do salto
Leva os filhos na escola
Chega apressada para o almoço
Dá atenção ao marido
Bota a trouxa de roupas para lavar
Arruma a bagunça da casa
Pensa no cardápio do dia seguinte..

É aquela que enfrenta filas no supermercado
Que não esquece de dar um recado
Que pega ônibus e metrôs lotados
Que faz faculdade a noite
Pensando num futuro melhor...

Um mulherão é quem faz a colheita
Ao raiar do dia na fazenda...
É quem aconselha a filha...
Puxa a orelha do filho...
E num dorme enquanto eles não chegam...

Mulherão é a que enfrenta as filas do hospital
Pra conseguir um atendimento, marcar uma prevenção...
É quem reclama dos preços altos
Costura para fora, faz encomendas...

Mulherão é quem se entope de chocolate na TPM
Enfrenta com satisfação a menopausa
E está sempre perfumada e bonita
Mesmo não sendo uma capa de revista...

Mulherão...
Temos várias por aí...
Espalhadas em cada esquina do mundo...

Tchu™

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

LUXÚRIA

Gestos apressados
Cabelos embaraçados
Gemidos...
Suspiros...

Mãos rápidas
Encontro de lábios ardentes
Desejo insaciável
União de corpos quente...

Peitos desnudos
Troca de olhares
Posições ajeitadas...
Encaixadas...

Respiração ofegante
Pulso acelerado
Corações descompassados
Gozo triunfal...

Energia renovada...
Libido saciada...

Tchu™

AMIGO ESQUERDO

Amigo esquerdo
Em todos os sentidos
De dentro do coração
Até as bases do comunismo

Amigo esquerdo
Que a sete chaves descansa
Que traz a alegria numa tarde cantoria
Que traz cumplicidade num guardar de segredos...
Na confidencia de medos...

Amigo esquerdo
Amigo sincero
De pele pálida sem manchas de sol
Sempre compenetrado
Sempre divertido
Sempre um bom amigo...

Amigo esquerdo
Que tanto admiro
Que tanto temo que a vida tire de mim
Amigo novo
Velho amigo
Amigo cheio de compreensão...

Amigo esquerdo
De olhos serenos
Cujo brilho genuíno é difícil esquecer...

Amigo esquerdo
Com coração de menino...
Amigo eterno...

Tchu™

terça-feira, 31 de agosto de 2010

E A PROPAGANDA ELEITORAL?

   Hoje parei para assistir o horário político na televisão e pude observar a forma como cada candidato ao governo do nosso país usa o seu tempo para se pronunciar.
   Você já parou para pensar no que seria a “política”?
   
 Movido pela curiosidade de estudante, procurei num dicionário escolar, desses que todo mundo tem, e lá dizia que “política é a arte e ciência de bem governar e cuidar dos negócios públicos”, desse ponto de vista, poderíamos entender que o horário político seria um tempo que os candidatos teriam para explicar como iriam governar, como cuidariam da nossa sociedade mas, não é o que vem acontecendo.
  
                      O que mais me deixou embasbacado foi o fato de que cada um, por menor que fosse o tempo que tinha, apenas se ocupou em criticar os adversários de campanha. Em nenhum dos quadros houve uma exposição clara das propostas, de como será o funcionamento da política defendida, observei apenas uma “troca de elogios” entre os presidenciáveis e ainda, alguns pedidos por parte dos outros que compõem o contexto político, pedidos sinceros do tipo "não vote em branco, vote em Negão".
   
   É, acho que o fato ditadura é uma mancha na história nacional, mas temos que concordar que o seu lema continua vivo: Brasil, ninguém segura este país! Ou será que ninguém segura a política desse país? Agora, até o ninguém ganhou vida: "não está feliz com os candidatos? Vote em Ninguém".
      Onde será que vamos parar?
     Desigualdade social e muitos outros problemas ainda vão persistir por um bom tempo, o que conta aqui é se o candidato tem um boa popularidade e uma dose extra de falta de vergonha na cara, afinal de contas o Brasil é um país de todos, não é verdade?! Então, ao legitimarmos nosso voto, sabemos onde estamos pisando...
        Que venham as eleições!

Tchu™

quarta-feira, 7 de julho de 2010

FREIOS*

A sinceridade parece mais dúbia a cada dia.

Desde a infância, as mães lutam com seus rebentos para que estes não mintam em nenhuma hipótese. Inventam fábulas em que homens do saco seqüestram os pequeninos que não seguem a regra de ouro.

Alguns pais, assustados com o poder da veracidade irrestrita dos filhos, “ensinam”-lhes as chamadas mentiras sociais, porque o mundo não precisa da verdade sem conseqüências. E isso é só o início...

A partir de então, mentimos por pura convenção social. Mentimos para não ofender, para agradar o próximo, ou simplesmente para omitir a verdade e agradar o nosso ego.

E a sinceridade?

Jaz esquecida, talvez em algum canto obscuro da nossa consciência. Mas que se manifesta, internamente, toda vez que a falácia brota através da nossa boca e “acaricia” os ouvidos do próximo.

Às vezes, tento perverter todo esse sistema de freios sociais. Falo a verdade, mesmo que ofenda ou surpreenda alguém. Não é melhor saber a verdade e sofrer com ela, do que amargar a mentira por longo tempo? É o que sempre digo em defesa quando alguém reclama da minha sinceridade.

E o que ganho por ser franco, principalmente com aqueles que me tem apreço? Caras feias, beliscões, mágoa e desdém! Taxam-me de bruto, indelicado, e que não respeito a opinião alheia... Mas o que falo é a verdade, ora!

Está chegando a um ponto que a melhor decisão é ficar calado. Não emitir opinião alguma. Tratar com indiferença qualquer assunto. Ou ainda melhor, sair correndo das rodas de conversas ou simular uma convulsão. Tudo para não ser sincero.